8 de ago. de 2011

Matéria escura do universo

O lado escuro da Força (da gravidade)
Paulo Brabo - A bacia das Almas


Não é de hoje que os cientistas observaram que o universo está em expansão (as galáxias e estrelas cada vez mais longe uma das outras), e não é nova a conclusão de que houve um momento em que toda essa matéria esteve amontoada numa bola primal cuja explosão (o Big Bang) deu início ao universo que conhecemos.

Mais nova é a descoberta de que o ritmo de expansão do universo está na verdade acelerando, ao contrário do que se poderia esperar. Pela lógica (a cujas exigências até mesmo os astrofísicos às vezes se dobram), depois de um grande arranque Os cientistas preferem crer que o universo faça sentido.inicial o ritmo de expansão dos blocos de matéria deveria estar desacelerando – como aconteceu, digamos, com os fragmentos da Estrela da Morte em Guerra Nas Estrelas.

Para perplexidade dos observadores terrenos, as medições indicam o contrário: o universo está se expandindo em ritmo cada vez mais acelerado (mas, naturalmente, não preocupante para partículas de insignificância cósmica como nós).

As teorias para explicar a anomalia são muitas e muito complexas para se abordar aqui, mas a mais popular é a centrada no conceito de “matéria escura” (dark matter). Como no nosso universo a energia está intimamente ligada à matéria e à sua massa (pergunte a Newton e a Einstein), os cientistas sabem que tem de haver alguma massa que explique essa força de repulsão e seja responsável por ela. Como não podem vê-la (nem propriamente detectá-la), chamam-na de matéria escura.

A questão é que, para que as contas deem certo, a esmagadora maioria da matéria do universo (digamos, 90% ou mais) teria de ser escura – isto é, invisível e de certa forma indetectável e de natureza não-convencional. É mais ou menos só até aqui que os cientistas chegaram, mas a obscura matéria escura faz pelo menos o balanço gravitacional do universo fechar – mesmo que a maior parte da matéria computada não apareça no estoque.

A ciência é mesmo imbatível porque haverá sempre uma teoria desafiada pela observação, e uma nova teoria que procure abarcar novas e mais estranhas observações. O caráter provisório da ciência serve para mantê-la mais interessante do que áridas considerações teológicas, mas o fundamento subjacente é o mesmo: uma espécie insana de otimismo que alguns chamariam de fé.

Os cientistas preferem acreditar em algo vasto que não podem ver e que dá algum sentido às suas observações, do que concluir que no final das contas o universo não faz sentido.

Postado originalmente em 8 de abril de 2005

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