27 de mar. de 2011

Graça

27 de Novembro de 2007
Submetido ao seu julgamento por Paulo Brabo
Estocado em Fé e Crença, Sociedade


A cidade invisível sobre o monte

O mundo pode ser salvo e quero explicar como, mas preste atenção porque só vou dizer uma vez.

É necessário em primeiro lugar que você entenda que (e porque) a situação está mais desesperadora do que já esteve. O mundo está duas vezes mais difícil de salvar do que, digamos, no tempo de Jesus, e não apenas porque há mais gente para ser salva. Tanto a salvação do mundo quanto a específica dificuldade presente estão ligados à qualidade das relações entre as pessoas.

Falando em termos gerais, há dois tipos de associações de pessoas, as instituições e as camaradagens. O que caracteriza as instituições é que elas promovem respostas condicionadas. Num sentido muito essencial, o que fazem as instituições é cercear a liberdade e inibir a criatividade, pelo que servem basicamente como instrumentos de controle social. Prisões, igrejas, empresas, escolas, religiões e formas de governo são instituições, e guardam por essa razão, apesar das diferenças superficiais, grande familiaridade entre si.

As camaradagens, em constraste, são relações autônomas e criativas entre pessoas, e por isso têm sempre algo de informal e algo de provisório. Rodas de samba, caronas, equipes de gincana e parceiros de truco são exemplos úteis, mas também insuficientes, visto que há um enorme leque possível e efetivo de camaradagens na vida real – subsistindo nos mais diversos níveis e construídas sobre as mais diversas bases. A maior parte das camaradagens não tem nome. O que as caracteriza é que, ao contrário das instituições, as camaradagens promovem respostas não-condicionadas ao problema da relação das pessoas com o seu ambiente (incluindo o seu meio-ambiente). Ao invés de instrumentos de controle, as camaradagens servem como ferramentas de convivência.
Não se pode esconder uma boa nova que inclui a todos e qualquer um.

A tentação que assombra as camaradagens, especialmente as mais compensadoras e bem-sucedidas, é, naturalmente, a de tornarem-se instituições. Se digo que o mundo de hoje está mais difícil de salvar é porque há dois mil anos as pessoas viviam em geral mais mergulhadas nas camaradagens do que nas instituições, e na nossa realidade a regra é oposta. Para usar as palavras de Illich, de quem roubei boa parte desta terminologia, a sociedade industrial reduziu a convivência a um patamar mínimo e tornou-nos, em todos os níveis, meros consumidores. Nossa vida é, de cima a baixo, da infância à velhice, da manhã à noite, do trabalho ao lazer, mera resposta condicionada às exigências feitas sobre nós pelos outros e por um meio-ambiente criado pelo homem. Não resta espaço para as interações verdadeiramente criativas nem para a verdadeira autodeterminação, que é simultanemente autonomia e a fraternidade; não nos resta a liberdade de nos submetermos a uma interdependência voluntária, já que vivemos sob o peso de uma interdependência imposta. Numa palavra, não resta espaço para a convivência.

Há dois mil anos, para salvar o mundo, bastava convidar as pessoas para abraçarem uma estirpe radical e revolucionário de convivência. Hoje em dia é preciso lembrá-las, em primeiro lugar, do que é convivência; que há um mundo possível determinado pelas relações autônomas e criativas entre as pessoas, um mundo louquíssimo impulsionado pela graça fragilíssima da camaradagem e não pela sociedade de consumo, pela internet, pelos times de futebol, pela marca da roupa, pelo modelo do carro, pelo peso onipresente das pressões familiares, religiosas, sexuais, econômicas, raciais e políticas.

A boa nova cristã explica que apenas a graça, e portanto a camaradagem, pode salvar um mundo que teima em colocar sua confiança e seus investimentos nas instituições. Deus é amizade, e a linguagem da amizade é perpetuamente livre, provisória e gratuita; depende de sujeições voluntárias e de autonomias ininterruptamente soberanas.

O radical na mensagem de Jesus não está em ele esclarecer o mais ou menos óbvio, que as camaradagens são vida e as instituições morte; o revolucionário está em que ele propõe o passo seguinte, definitivo e louco e definitivamente redentor. Em suas palavras e em seu exemplo o nazareno explica que até as mais belas camaradagens podem tornar-se morte, a não ser que se disponham a manter-se perpetuamente abertas – isto é, dispostas [1] a celebrar a própria precariedade e [2] a aceitar a inclusão de quem quer que seja no seu círculo de convivência.

Mesmo a mais cordial camaradagem é definida por alguma resposta condicionada, e Jesus desafiava continuamente esses limites convencionais. O Filho do Homem, como representante do Deus Não-condicionado, recusava-se a oferecer qualquer resposta condicionada, não importando a situação social em que se encontrasse. Fosse diante de um rei, de um sacerdote ou de uma prostituta, o que Jesus oferecia não era a resposta convencional, estratégica, socialmente adequada e politicamente correta. O que ele oferecia, revolucionariamente, era a oferta de uma vontade livre que não esperava outra coisa da pessoa com quem estava se relacionando. Como resultado sua postura é consistentemente inclusiva, a não ser quando se trata dos que querem perpetuar a instituição e sua resposta condicionada e, através delas, os muros de separação entre as pessoas.

Jesus não apenas vivia entre camaradas, mas propunha um modo de vida em que a camaradagem – a aceitação gratuita e a interação livre, autônoma e criativa – fosse a norma e não a exceção. Sua mensagem e seu ministério resumem-se na demonstração de que a camaradagem divina, e portanto a camaradagem do Filho do Homem (ou, “o ser humano como todos devem ser”), estão continuamente à disposição de quem quer que seja – um político corrupto, um sacerdote mesquinho, um adúltero esmagado pela culpa, uma criança que não vai ter nada inteligente para dizer. O poder dessa boa nova é um poder fragílissimo, uma semente minúscula que pode tornar-se uma grande árvore mas também uma chama que pode ser apagada por quem quer que seja e a qualquer momento.

Jesus pediu que fosse dito a João Batista na prisão que o poder do evangelho era visível porque “a boa nova estava sendo proclamada aos pobres”, isto é, a boa notícia da convivência chegara aos que normalmente não são incluídos em camaradagem alguma. Para Jesus, “não se pode esconder uma cidade construída sobre o monte” significa, basicamente, “não há como se esconder uma boa nova que inclui a todos e qualquer um”. Quando deixa de incluir a todos de forma criativa e indiscriminada, a cidade desaparece de sobre o monte: Deus não existe, a convivência perece, e as mesmas palavras do mesmo Jesus passam de boa nova a farsa e engodo.

Em tempos recentes, a manifestação mais espetacular e sacrossanta que conheço do poder da graça inclusiva não está portanto (e nem poderia estar) em qualquer iniciativa institucional, mas na fragilíssima e despretensiosa iniciativa de Juan Mann (“one man”, isto é, “um [Filho do] homem”) em sair pela rua oferecendo abraços gratuitos. Enquanto esse sujeito avançava cidade adentro erguendo seu rídiculo cartaz os arcanjos cantavam, as hostes celestias aplaudiam, os serafins se dobravam em solene reverência e os demônios se dissolviam em vergonhoso estertor, porque depois de anos a boa nova estava sendo pregada aos pobres. Um único homem convidava o mundo paupérrimo de convivência a uma resposta não-condicionada, e fazia-o oferecendo a forma mais absurda e precária e indiscriminada de camaradagem. A cidade, senhoras e senhores, refulgia inequivocamente sobre o monte.

O que há de mais absolutamente fulgurante na sua iniciativa está em que, ao oferecer abraços gratuitos, Juan Mann está – e preste atenção agora, porque nisso está a salvação do mundo – oferecendo de graça o que qualquer um pode oferecer de graça. Ele não apenas promove a convivência, mas comprova brilhantemente no mesmo gesto que a convivência é dom que qualquer um pode conceder a qualquer momento, em qualquer lugar, a qualquer um. Não é de se admirar que os anjos aplaudam e façam fréneticas ôlas e brindem com suas taças e atirem para cima os seus chápeus. Nós, da instituição, temos um plano de salvação do mundo em que é parte essencial recolhermos ofertas, juntarmos doações, pedirmos dinheiro; ou seja, estamos exigindo, e com a melhor das boas intenções, o que nem todos podem dar – quando a boa nova consiste justamente em desafiar o homem a oferecer a todos o que todos podem oferecer.

É por isso que os grandes luminares da boa nova não são jamais projetos ou campanhas, mas pessoas singulares e despretensiosas, gente que pela sua conduta e pelas suas escolhas facilitam que se criem ao seu redor círculos singulares de convivência e camaradagem, e portanto de transformação social – ciclos de redenção. Gente como Gandhi, que convidava seus seguidores a estenderem a tenda da camaradagem até o terreno dos seus antagonistas; como Madre Teresa, que gentilmente transformou Calcutá numa cidade sobre o monte, brilhando para a eternidade além da dor e do preconceito e da imundície; como Zeca Pagodinho, que cometeu a insanidade de permanecer freqüentando os mesmos bares e os mesmos amigos mesmo depois de ser atingido pela fama. Gente que ousa oferecer de graça o que todos podem oferecer de graça, e assim transforma sua vida em fulcros de camaradagem e de convivência.

Não se iluda. Qualquer um pode trazer luz ao mundo, mas na maior parte do tempo Deus não existe e o evangelho é uma farsa. Não se pode esconder uma boa nova que se aplica a qualquer um, por isso quando não atinge indiscriminadamente a todos a cidade não está sobre o monte, e pode ser facilmente escondida.

17 de mar. de 2011

Uma postagem de Natal

porque provavelmente Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro mesmo...

fonte: love7

4 de mar. de 2011

Eu não tinha idéia que a luta ia durar tanto tempo

bom ter Jon Foreman na playlist… bom ter a letra na internet.

I Am Still Running

I Am Still Running
You remember me
before I learned to run
At the kissing tree
before I learned my guns
We were 17
17 years young
I am still running
I am still running

I had no idea the pain would be this strong
I had no idea the fight would last this long
In my darkest fears the rights become the wrongs
I am still running, I am still running I am still running I am still running

Build me a home
inside your scars
Build me a home
Inside your song
Build me a home
inside your open arms
The only place I ever will belong

I am still running...
Build me a home
inside your scars
Build me a home
Inside your song
Build me a home
inside your open arms
The only place I ever will belong...

Eu ainda estou correndo

Você me lembra
De antes de eu ter aprendido a correr,
Na árvore do beijo
Antes de eu ter aprendido a ter minhas armas.
Nós tínhamos 17,
17 anos de idade.
Eu Ainda Estou Correndo.
Eu Ainda Estou Correndo.

Eu não tinha idéia que a dor seria assim tão forte.
Eu não tinha idéia que a luta ia durar tanto tempo.
Nos meus medos mais sombrios, Os certos tornaram-se os errados.
Eu Ainda Estou Correndo, Eu Ainda Estou Correndo, Eu Ainda Estou Correndo.

Construa-me uma casa,
Dentro de suas cicatrizes.
Construa-me uma casa,
Dentro de sua música.
Construa-me uma casa,
Dentro de seus braços abertos.
O único lugar que um dia eu pertencerei.

Eu Ainda Estou Correndo…
Construa-me uma casa,
Dentro de suas cicatrizes.
Construa-me uma casa,
Dentro de sua música.
Construa-me uma casa,
Dentro de seus braços abertos.
O único lugar que um dia eu pertencerei…

Profundo em seus olhos

Deep in yours eyes–Jon Foreman

There’s a river underneath us
it’s been looking for you
there’s a river in our veins
it’s been looking for truth

there’s a river in our blood
from our fathers on through
I see you looking for the ocean, honey
There is a river in you

it’s deep in your eyes
there is a river
deep in your eyes
your river runs
deep in your eyes
there is a river in your eyes

I can see your eyes moving
looking down towards the shore
You’ve been searching for substance
You’ve been searching for more

I can see your eyes moving
They’ve been twisting around
You’ve been looking for something, honey
That you haven’t yet found

It’s deep in your eyes
there lies a river
Your river runs
deep in your eyes
I see a river
Are you ready to run?
There is a river in your eyes

Existe um rio embaixo de nós
Ele está procurando por você
Existe um rio em nossas veias
Ele está procurando por verdade
Existe um rio em nosso sangue
De nossos pais diretamente
Eu vejo você buscando o oceano, querida
Existe um rio em você


Está profundo em seus olhos
Existe um rio
Profundo em seus olhos
Seu rio corre
Profundo em seus olhos
Existe um rio em nossos olhos


Eu posso ver seus olhos se mexendo
Olhando para a praia
Você tem buscado substância
Você tem buscado mais
Eu posso ver seus olhos se mexendo
Eles estiveram se contorcendo
Você tem buscado algo, querida
Que você nunca encontrou
Está profundo em seus olhos
Aí descansa o rio
Seu rio corre
Profundo em seus olhos
Eu vejo um rio
Você está pronta para correr?
Existe um rio em seus olhos

Minhas sombras

estou aqui novamente escrevendo palavras ao vento nessa van.illha.
hauhauau
Renan, ele é o que mais me faz me sentir amada e amar, e com isso mais humana.
Ok, ok...
Mas ultimamente ando meio que numa semi - crise de pânico.
Agora o que tenho a fazer é tentar manter a normalidade, os batimentos cardiacos normais, e por em pratica o que me assombra, isto é, as sombras do que tenho que fazer me assombram, preciso tirá-las da cabeça e colocá-las em prática.
Que Deus me ajude.