20 de abr. de 2011

Lugar de estudo

imagem: vintagesimplehome.blogspot.com

Eu sempre gostei de estudar em casa.
Ontem no entanto percebi que algo vinha me incomodando.
Fora minhas temporais angústias...
Meu pai colocou uma mesa a mais no escritório e hoje de manhã sentada lá vi que a iluminação vinda da janela e a cadeira mais confortável era um ambiente ainda melhor do que o meu quarto.
Sim a luz natural da manhã que invadia o escritório trazia um ambiente bem mais agradável do que meu quarto que tem pouca luz pela manhã.
Ainda, a cadeira e a altura da cadeira parecem melhores pra mim.
Assim, nessa manhã, retomo com mais conforto meus atrasdas estudos.

16 de abr. de 2011

A verdade e sua metáfora

A verdade e sua metáfora
10 de Outubro de 2006
Provavelmente nada que já não tenha dito Paulo Brabo
Estocado em Manuscritos


Em certo país dava-se o nome de metáfora a qualquer recipiente próprio para conter algum líquido. Havia nesse país uma fonte de água cristalina, porém tão amarga que dizia-se bastar um único gole para matar de desgosto um homem adulto; cria-se no entanto que diluída ou em pequenas doses essa água tinha propriedades mágicas ou medicinais, e deu-se a ela o nome de verdade.

Levas de peregrinos acorriam incessantemente à fonte, e partiam para seus lugares de origem levando a verdade em seus vasos metafóricos.

Porém uma rigorosa seita, que cria que a verdade deve ser experenciada sem o auxílio de metáforas, atacava as caravanas de peregrinos. Querendo ensiná-los a obter a verdade em estado puro, os sectários destruíam a pauladas as metáforas que a continham. Quebrados os recipientes, a verdade se derramava e desaparecia no solo, ficando sem ela peregrinos e sectários.

Certa vez um rapaz voltava da fonte levando a verdade em sua metáfora quando viu de longe a aproximação dos sectários. Não querendo ver derramada a verdade que trazia consigo, o rapaz não hesitou e bebeu em goles resolutos toda a água da vasilha.

– Onde está a verdade que você trazia nessa metáfora? – perguntaram os perseguidores.

– Eu bebi – desafiou o rapaz. – Agora a verdade está dentro de mim.

E os sectários mataram-no a pauladas.

Em compensação, começou a correr a notícia de que a verdade, embora amarga, não era mortal, e que o recipiente próprio para conter a verdade era um ser humano. Com o passar do tempo os próprios homens passaram a ser chamados de metáforas, e conta-se que nunca estiveram mais perto da verdade.

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Apresentado com segundas intenções por Paulo Brabo
Estocado em Fé e Crença, Goiabas Roubadas


Porém se a verdade, pura, abstrata e livre de todo amálgama mítico, permanecerá para sempre inalcançável, até mesmo para os filósofos, podemos compará-la ao flúor, que não pode ser isolado, mas aparece sempre em combinação com outros elementos. Ou, para usar uma analogia menos científica, a verdade, que é inexpressível a não ser através do mito e da alegoria, é como a água, que pode ser carregada apenas em vasos. O filósofo que insiste em obtê-la pura é como o homem que quebra o jarro para obter a água. Essa é, talvez, a analogia precisa.

Demófeles, no Diálogo Sobre a Religião de Arthur Schopenhauer