19 de mai. de 2011
Medo, suor e sangue.
Posted by umpontoum On May - 9 - 2011
Eu ia começar esse texto perguntando se você já sentiu medo de alguma coisa. Mas ficaria ridículo, porque todo mundo sente medo de alguma coisa. Todo glóbulo no seu sangue já sentiu medo de alguma coisa, e você com certeza já teve pequenos piripaques, mãos suadas e gastrites por ter medo de alguma coisa. Nothing new!
Mas você já sentiu medo por não saber o que é “essa coisa”? Por não saber como vai ser, como vai acabar a história, como você vai se sentir, como vai se sair ou como vai se portar? Você já fez cara brava pro seu inimigo e mesmo assim viu que não foi convincente o bastante? Isso acontece, quase sempre, com quase todas as pessoas, e você não é a única.
Levando para um lado mais espiritual: você já se sentiu incapaz porque parece que suas armas não foram tão potentes assim? Já sentiu que seu espírito tem os musculos tonificados, sarados, preparados, mas a sua alma é um poetinha tomando uísque e fumando um cigarro com um sonzinho de vitrola ao fundo? Você já sentiu que seu corpo, sua alma e seu espírito, moram em lugares separados?
O espírito tem boas palavras na boca. Tem foco, decisão, opinião e topa todas. Sua alma transita entre ups and downs, picos de alegrias, poças de confusão, e o seu corpo, coitado, leva a surra merecida por tanta loucura. Você já sentiu isso? Desconexo, do avesso, invertido, mexido por dentro? Não há nada tão aflitivo quanto não saber o que vai acontecer. Sofremos porque queremos saber, sofremos porque sabemos que não temos que sofrer, sofremos porque queremos que seja de um jeito mas também sabemos que Deus tem suas maneiras e elas são as melhores, mas aí sofremos de novo, porque se Ele sabe como fazer, por que andamos tão preocupados, caramba?
A conclusão é unânime: não há nada pior do que não saber o que vem pela frente ou não saber como encarar o que vem pela frente. Não há nada mais chato do que querer saber e ao mesmo tempo querer que Deus faça o que ele quiser. Você para pra pensar e a conclusão é: estamos em guerra interior!
Mas afinal, que briga é essa!?
Somos metade dor, metade militância?
Metade incerteza e outra metade fé?
Somos metade mimimi e outra metade soldados?
Somos domingo tudo lindo e quarta feira uma lameira?
Somos quase bons, quase servos, quase vitoriosos?
Que briga é essa que nos divide e deixa tudo tão estranho?
Nós somos mil coisas em um só dia?
Nós somos uma eterna TPM espiritual?
Não, nós não somos isso. Isso sim é uma briga, com certeza uma briga que todo mundo enfrenta por dentro, mas a boa notícia é que alguém já se viu dividido entre a aflição do que viria e a dor de saber que o que viria seria bem difícil de enfrentar. Um dia alguém sofreu a espera e sofreu a chegada. Um dia alguém sofreu a notícia e enfrentou as consequências dela. Um dia alguém foi metade suor e metade sangue.
Ele estava lá. Jesus estava lá fazendo a oração inevitável, querendo que aquele cálice fosse passado de sua frente. E ao mesmo tempo, ele tinha a certeza mais difícil que teria de engolir: a morte. Ele ia morrer e aquilo era sério demais pra ser ignorado. Nunca existirá um blog ou um escritor capaz de traduzir o que aquela noite significou na vida da melhor pessoa do mundo. Ninguém poderá explicar o que isso significou para o coração de Deus.
Sabe, você não precisa ser a melhor pessoa do mundo, não precisa ter curado milhares de pessoas, mas você precisa saber algumas coisas sobre aquela noite, porque talvez você também esteja transpirando suor e sangue. A combinação de quem sofre e sente dor. A combinação do medo e do desgaste. A combinação entre o físico e o emocional. Talvez o cansaço que não passa e a ferida que não estanca. Talvez o esforço e o sentimento, a tentativa e a mágoa. Eu não sei o que significa o seu sangue e o seu suor, mas eu sei que quando esses dois elementos escorreram numa noite solitária, até o próprio Deus fez uma oração pedindo ajuda. Quando o seu suor e o seu sangue escorrem numa noite solitária, coisas importantes acontecem depois.
A minha boa notícia pra você, é tão especial que eu escrevo isso com o maior cuidado, e eu nem tô batendo nas teclas com força, na esperança de que você leia as próximas linhas com a delicadeza de um alívio depois do stress, torcendo pra que você beije cada palavra abaixo:
Aquele suor e aquele sangue, que escorreram da testa dele, precisavam tocar o chão. Precisavam porque nenhum pedaço do planeta Terra havia sentido o gosto daquele suor e daquele sangue. Nada, nenhum ser vivo, vegetal, sei lá o que, havia tido contato com aquele suor e aquele sangue. O mundo conhecia, desde então, o suor de homens que trabalhavam por dinheiro e status, e o sangue de soldados que morriam por orgulho e vingança. O mundo conhecia desde então, o suor de pessoas que transpiravam por inveja, prazeres, vaidades e trabalhos vãos. O mundo só conhecia desde então, o sangue dos crimes, das mortes baratas, das maldades e dos golpes mesquinhos. E é por isso que aquele suor e aquele sangue precisavam tanto tocar o chão. É como se o chão pedisse esse batismo de coragem, novidade. Como se a terra, ou a Terra, sentissem essa sede.
Ok, mas isso tem a ver com a sua noite difícil?
Claro que tem a ver! Porque Jesus abriu um caminho onde o suor e o sangue se transformam em coisas inexplicáveis. Tem a ver porque ele fez de uma noite solitária o início da história de muitos. Talvez você pense: “lindo! só que eu tô sofrendo porque eu tenho conta pra pagar, estou sofrendo porque minha família é um saco”, e mesmo assim eu vou te falar: você não precisa que um novo caminho se abra para essas situações? Essa noite, esse chão que você pisa, esse cenário não precisa beber alguma coisa diferente?
O suor e o sangue de Jesus pingaram na terra. E o caminho depois disso foi completamente inusitado, verdadeiro, improvável e incrivelmente chocante. Ele caminhou para uma cruz e morreu nela, para que você não precisasse morrer de solidão, de desgosto ou de amargura. Ele caminhou para uma cruz e foi pregado nela para que você não precisasse ficar preso em julgamentos, idéias, pedradas, cuspidas e vícios. Ele caminhou para uma cruz e ficou nu, para que você não precisasse ser exposto como uma distração para a maldade. Ele foi parar num madeiro para que você não precisasse sentir o peso do mundo literalmente nas suas costas. O suor de Jesus se transformou em sangue porque todo esforço que você deposita na sua vida hoje, nessa noite, precisaria, mais cedo ou mais tarde, ter uma referência de alguém que foi até o fim. Alguém que foi até o sangue, literalmente.
Jesus sabe como você se sente. Ele já suou tristeza por não poder mudar os fatos, e ele já sangrou aflição ao encarar o inevitável. Sabe, Jesus morreu mas ressuscitou também, e por causa disso tudo é possível. Mesmo que você não acredite, as gotas já molharam o chão.
Você já viu uma criança que acaba de nascer? Ela ali chorando, esperneando, berrando e ainda assim, tantas novidades, tanta esperança, tantos planos! O que ela sente? Ela sente na pele, o suor e o sangue. A combinação perfeita, a prova de que um novo caminho começa.
Prepare-se para começar de novo. A noite vai clarear, cedo ou tarde você vai precisar se levantar. Prepare-se para o caminho. O chão foi limpo por um líquido infalível.
Luciana Elaiuy
18 de mai. de 2011
amor x medo
Parecem não ter muita relação medo e amor.
Mas sinto isso.
Quando sinto medo... o que pode me confortar é um pouco de amor.
1 João
Capítulo 4.
18. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.
19. Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.
20. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?
21. E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.
Dor e prazer–Ben Harper
Pleasure And Pain |
Dor e prazerEstou partindo no trem da manhã |
20 de abr. de 2011
Lugar de estudo
Eu sempre gostei de estudar em casa.
Ontem no entanto percebi que algo vinha me incomodando.
Fora minhas temporais angústias...
Meu pai colocou uma mesa a mais no escritório e hoje de manhã sentada lá vi que a iluminação vinda da janela e a cadeira mais confortável era um ambiente ainda melhor do que o meu quarto.
Sim a luz natural da manhã que invadia o escritório trazia um ambiente bem mais agradável do que meu quarto que tem pouca luz pela manhã.
Ainda, a cadeira e a altura da cadeira parecem melhores pra mim.
Assim, nessa manhã, retomo com mais conforto meus atrasdas estudos.
16 de abr. de 2011
A verdade e sua metáfora
10 de Outubro de 2006
Provavelmente nada que já não tenha dito Paulo Brabo
Estocado em Manuscritos
Em certo país dava-se o nome de metáfora a qualquer recipiente próprio para conter algum líquido. Havia nesse país uma fonte de água cristalina, porém tão amarga que dizia-se bastar um único gole para matar de desgosto um homem adulto; cria-se no entanto que diluída ou em pequenas doses essa água tinha propriedades mágicas ou medicinais, e deu-se a ela o nome de verdade.
Levas de peregrinos acorriam incessantemente à fonte, e partiam para seus lugares de origem levando a verdade em seus vasos metafóricos.
Porém uma rigorosa seita, que cria que a verdade deve ser experenciada sem o auxílio de metáforas, atacava as caravanas de peregrinos. Querendo ensiná-los a obter a verdade em estado puro, os sectários destruíam a pauladas as metáforas que a continham. Quebrados os recipientes, a verdade se derramava e desaparecia no solo, ficando sem ela peregrinos e sectários.
Certa vez um rapaz voltava da fonte levando a verdade em sua metáfora quando viu de longe a aproximação dos sectários. Não querendo ver derramada a verdade que trazia consigo, o rapaz não hesitou e bebeu em goles resolutos toda a água da vasilha.
– Onde está a verdade que você trazia nessa metáfora? – perguntaram os perseguidores.
– Eu bebi – desafiou o rapaz. – Agora a verdade está dentro de mim.
E os sectários mataram-no a pauladas.
Em compensação, começou a correr a notícia de que a verdade, embora amarga, não era mortal, e que o recipiente próprio para conter a verdade era um ser humano. Com o passar do tempo os próprios homens passaram a ser chamados de metáforas, e conta-se que nunca estiveram mais perto da verdade.
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Apresentado com segundas intenções por Paulo Brabo
Estocado em Fé e Crença, Goiabas Roubadas
Porém se a verdade, pura, abstrata e livre de todo amálgama mítico, permanecerá para sempre inalcançável, até mesmo para os filósofos, podemos compará-la ao flúor, que não pode ser isolado, mas aparece sempre em combinação com outros elementos. Ou, para usar uma analogia menos científica, a verdade, que é inexpressível a não ser através do mito e da alegoria, é como a água, que pode ser carregada apenas em vasos. O filósofo que insiste em obtê-la pura é como o homem que quebra o jarro para obter a água. Essa é, talvez, a analogia precisa.
Demófeles, no Diálogo Sobre a Religião de Arthur Schopenhauer
27 de mar. de 2011
Graça
Submetido ao seu julgamento por Paulo Brabo
Estocado em Fé e Crença, Sociedade
A cidade invisível sobre o monte
O mundo pode ser salvo e quero explicar como, mas preste atenção porque só vou dizer uma vez.
É necessário em primeiro lugar que você entenda que (e porque) a situação está mais desesperadora do que já esteve. O mundo está duas vezes mais difícil de salvar do que, digamos, no tempo de Jesus, e não apenas porque há mais gente para ser salva. Tanto a salvação do mundo quanto a específica dificuldade presente estão ligados à qualidade das relações entre as pessoas.
Falando em termos gerais, há dois tipos de associações de pessoas, as instituições e as camaradagens. O que caracteriza as instituições é que elas promovem respostas condicionadas. Num sentido muito essencial, o que fazem as instituições é cercear a liberdade e inibir a criatividade, pelo que servem basicamente como instrumentos de controle social. Prisões, igrejas, empresas, escolas, religiões e formas de governo são instituições, e guardam por essa razão, apesar das diferenças superficiais, grande familiaridade entre si.
As camaradagens, em constraste, são relações autônomas e criativas entre pessoas, e por isso têm sempre algo de informal e algo de provisório. Rodas de samba, caronas, equipes de gincana e parceiros de truco são exemplos úteis, mas também insuficientes, visto que há um enorme leque possível e efetivo de camaradagens na vida real – subsistindo nos mais diversos níveis e construídas sobre as mais diversas bases. A maior parte das camaradagens não tem nome. O que as caracteriza é que, ao contrário das instituições, as camaradagens promovem respostas não-condicionadas ao problema da relação das pessoas com o seu ambiente (incluindo o seu meio-ambiente). Ao invés de instrumentos de controle, as camaradagens servem como ferramentas de convivência.
Não se pode esconder uma boa nova que inclui a todos e qualquer um.
A tentação que assombra as camaradagens, especialmente as mais compensadoras e bem-sucedidas, é, naturalmente, a de tornarem-se instituições. Se digo que o mundo de hoje está mais difícil de salvar é porque há dois mil anos as pessoas viviam em geral mais mergulhadas nas camaradagens do que nas instituições, e na nossa realidade a regra é oposta. Para usar as palavras de Illich, de quem roubei boa parte desta terminologia, a sociedade industrial reduziu a convivência a um patamar mínimo e tornou-nos, em todos os níveis, meros consumidores. Nossa vida é, de cima a baixo, da infância à velhice, da manhã à noite, do trabalho ao lazer, mera resposta condicionada às exigências feitas sobre nós pelos outros e por um meio-ambiente criado pelo homem. Não resta espaço para as interações verdadeiramente criativas nem para a verdadeira autodeterminação, que é simultanemente autonomia e a fraternidade; não nos resta a liberdade de nos submetermos a uma interdependência voluntária, já que vivemos sob o peso de uma interdependência imposta. Numa palavra, não resta espaço para a convivência.
Há dois mil anos, para salvar o mundo, bastava convidar as pessoas para abraçarem uma estirpe radical e revolucionário de convivência. Hoje em dia é preciso lembrá-las, em primeiro lugar, do que é convivência; que há um mundo possível determinado pelas relações autônomas e criativas entre as pessoas, um mundo louquíssimo impulsionado pela graça fragilíssima da camaradagem e não pela sociedade de consumo, pela internet, pelos times de futebol, pela marca da roupa, pelo modelo do carro, pelo peso onipresente das pressões familiares, religiosas, sexuais, econômicas, raciais e políticas.
A boa nova cristã explica que apenas a graça, e portanto a camaradagem, pode salvar um mundo que teima em colocar sua confiança e seus investimentos nas instituições. Deus é amizade, e a linguagem da amizade é perpetuamente livre, provisória e gratuita; depende de sujeições voluntárias e de autonomias ininterruptamente soberanas.
O radical na mensagem de Jesus não está em ele esclarecer o mais ou menos óbvio, que as camaradagens são vida e as instituições morte; o revolucionário está em que ele propõe o passo seguinte, definitivo e louco e definitivamente redentor. Em suas palavras e em seu exemplo o nazareno explica que até as mais belas camaradagens podem tornar-se morte, a não ser que se disponham a manter-se perpetuamente abertas – isto é, dispostas [1] a celebrar a própria precariedade e [2] a aceitar a inclusão de quem quer que seja no seu círculo de convivência.
Mesmo a mais cordial camaradagem é definida por alguma resposta condicionada, e Jesus desafiava continuamente esses limites convencionais. O Filho do Homem, como representante do Deus Não-condicionado, recusava-se a oferecer qualquer resposta condicionada, não importando a situação social em que se encontrasse. Fosse diante de um rei, de um sacerdote ou de uma prostituta, o que Jesus oferecia não era a resposta convencional, estratégica, socialmente adequada e politicamente correta. O que ele oferecia, revolucionariamente, era a oferta de uma vontade livre que não esperava outra coisa da pessoa com quem estava se relacionando. Como resultado sua postura é consistentemente inclusiva, a não ser quando se trata dos que querem perpetuar a instituição e sua resposta condicionada e, através delas, os muros de separação entre as pessoas.
Jesus não apenas vivia entre camaradas, mas propunha um modo de vida em que a camaradagem – a aceitação gratuita e a interação livre, autônoma e criativa – fosse a norma e não a exceção. Sua mensagem e seu ministério resumem-se na demonstração de que a camaradagem divina, e portanto a camaradagem do Filho do Homem (ou, “o ser humano como todos devem ser”), estão continuamente à disposição de quem quer que seja – um político corrupto, um sacerdote mesquinho, um adúltero esmagado pela culpa, uma criança que não vai ter nada inteligente para dizer. O poder dessa boa nova é um poder fragílissimo, uma semente minúscula que pode tornar-se uma grande árvore mas também uma chama que pode ser apagada por quem quer que seja e a qualquer momento.
Jesus pediu que fosse dito a João Batista na prisão que o poder do evangelho era visível porque “a boa nova estava sendo proclamada aos pobres”, isto é, a boa notícia da convivência chegara aos que normalmente não são incluídos em camaradagem alguma. Para Jesus, “não se pode esconder uma cidade construída sobre o monte” significa, basicamente, “não há como se esconder uma boa nova que inclui a todos e qualquer um”. Quando deixa de incluir a todos de forma criativa e indiscriminada, a cidade desaparece de sobre o monte: Deus não existe, a convivência perece, e as mesmas palavras do mesmo Jesus passam de boa nova a farsa e engodo.
Em tempos recentes, a manifestação mais espetacular e sacrossanta que conheço do poder da graça inclusiva não está portanto (e nem poderia estar) em qualquer iniciativa institucional, mas na fragilíssima e despretensiosa iniciativa de Juan Mann (“one man”, isto é, “um [Filho do] homem”) em sair pela rua oferecendo abraços gratuitos. Enquanto esse sujeito avançava cidade adentro erguendo seu rídiculo cartaz os arcanjos cantavam, as hostes celestias aplaudiam, os serafins se dobravam em solene reverência e os demônios se dissolviam em vergonhoso estertor, porque depois de anos a boa nova estava sendo pregada aos pobres. Um único homem convidava o mundo paupérrimo de convivência a uma resposta não-condicionada, e fazia-o oferecendo a forma mais absurda e precária e indiscriminada de camaradagem. A cidade, senhoras e senhores, refulgia inequivocamente sobre o monte.
O que há de mais absolutamente fulgurante na sua iniciativa está em que, ao oferecer abraços gratuitos, Juan Mann está – e preste atenção agora, porque nisso está a salvação do mundo – oferecendo de graça o que qualquer um pode oferecer de graça. Ele não apenas promove a convivência, mas comprova brilhantemente no mesmo gesto que a convivência é dom que qualquer um pode conceder a qualquer momento, em qualquer lugar, a qualquer um. Não é de se admirar que os anjos aplaudam e façam fréneticas ôlas e brindem com suas taças e atirem para cima os seus chápeus. Nós, da instituição, temos um plano de salvação do mundo em que é parte essencial recolhermos ofertas, juntarmos doações, pedirmos dinheiro; ou seja, estamos exigindo, e com a melhor das boas intenções, o que nem todos podem dar – quando a boa nova consiste justamente em desafiar o homem a oferecer a todos o que todos podem oferecer.
É por isso que os grandes luminares da boa nova não são jamais projetos ou campanhas, mas pessoas singulares e despretensiosas, gente que pela sua conduta e pelas suas escolhas facilitam que se criem ao seu redor círculos singulares de convivência e camaradagem, e portanto de transformação social – ciclos de redenção. Gente como Gandhi, que convidava seus seguidores a estenderem a tenda da camaradagem até o terreno dos seus antagonistas; como Madre Teresa, que gentilmente transformou Calcutá numa cidade sobre o monte, brilhando para a eternidade além da dor e do preconceito e da imundície; como Zeca Pagodinho, que cometeu a insanidade de permanecer freqüentando os mesmos bares e os mesmos amigos mesmo depois de ser atingido pela fama. Gente que ousa oferecer de graça o que todos podem oferecer de graça, e assim transforma sua vida em fulcros de camaradagem e de convivência.
Não se iluda. Qualquer um pode trazer luz ao mundo, mas na maior parte do tempo Deus não existe e o evangelho é uma farsa. Não se pode esconder uma boa nova que se aplica a qualquer um, por isso quando não atinge indiscriminadamente a todos a cidade não está sobre o monte, e pode ser facilmente escondida.
17 de mar. de 2011
4 de mar. de 2011
Eu não tinha idéia que a luta ia durar tanto tempo
bom ter Jon Foreman na playlist… bom ter a letra na internet.
I Am Still RunningI Am Still Running I had no idea the pain would be this strong Build me a home I am still running... | Eu ainda estou correndo Você me lembra Eu não tinha idéia que a dor seria assim tão forte. Construa-me uma casa, Eu Ainda Estou Correndo… |
Profundo em seus olhos
There’s a river underneath us there’s a river in our blood it’s deep in your eyes I can see your eyes moving I can see your eyes moving It’s deep in your eyes | Existe um rio embaixo de nós |
Minhas sombras
hauhauau
Renan, ele é o que mais me faz me sentir amada e amar, e com isso mais humana.
Ok, ok...
Mas ultimamente ando meio que numa semi - crise de pânico.
Agora o que tenho a fazer é tentar manter a normalidade, os batimentos cardiacos normais, e por em pratica o que me assombra, isto é, as sombras do que tenho que fazer me assombram, preciso tirá-las da cabeça e colocá-las em prática.
Que Deus me ajude.
28 de fev. de 2011
E eu preciso saber como,
Viver minha vida como deve ser.
- The Cave - Mumford & Sons
26 de fev. de 2011
Aos piores dias
“Dias piores virão, viu?”. Ouvi essa frase numa osmose quase burra e sorri blasé, com o canto da boca, como se todas as melecas da minha vida me dessem moral e aval para poder rir disso. Como se eu fosse entendida de dias difíceis e isso fizesse de mim uma pessoa evoluída, melhor que outras, como seu eu soubesse de tudo, só porque sei o que é dificuldade”. Que tipo de pensamento amargo é esse? As vezes nós conseguimos ser bem idiotas, né?
continua